quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Discussões sobre a EaD

A grande discussão hoje sobre Educação a Distância no Brasil gira em torno da sua eficiência enquanto meio de formação intelectual que atenda as necessidades de mercado. Porém, se fomos avaliar desde quando este ensino é realizado, ele é muito mais antigo que as transformações tecnológicas e o advento da internet no mundo.
Segundo Barros “Seu início foi marcado no século XVIII, quando um jornal dos Estados Unidos enviava as matérias anexadas ao mesmo. Porém, existem controvérsias sobre o surgimento da mesma, pois alguns pesquisadores relatam que seu início foi em 1881, pela Universidade de Chicago, através do curso de língua hebraica, e outros consideram seu surgimento em 1890, na Alemanha, ambos por correspondência. No Brasil, o ensino a distância apareceu somente nos anos sessenta, as aulas eram transmitidas por rádio, com algum material impresso. O Instituto Universal Brasileiro e o Instituto Monitor foram os maiores responsáveis pelo ensino a distância no Brasil, com uma gama maior de cursos, como técnico em eletrônica, secretária, técnico em contabilidade dentre outros.  Tivemos também os cursos supletivos, que tiveram grande aceitação da população que optou por essa formação.”
Ainda com olhos receosos, categorias profissionais, empresas e profissionais do ramo educacional criticam fortemente este processo de forma até discriminatória. Um exemplo dessa postura foi do Conselho Federal de Serviço Social – CFESS ao lançar a campanha “Educação não é fast-food”, sob a alegação da defesa do ensino presencial de qualidade, fazendo analogia que este tipo de ensino neste modelo é fraco e vago, como uma refeição sem valor nutritivo. Recentemente esta campanha foi suspensa através da liminar concedida pelo juiz federal Haroldo Nader, da 8ª Vara de Campinas (SP), em ação cautelar movida pela Associação Nacional dos Tutores de Ensino a Distância (Anated).
Com o mercado de trabalho cada vez mais exigente e as pessoas cada vez mais sem condições econômicas, físicas, de locomoção e também emocionais, pois o tempo com a família tem sido cada vez estrangulado pela corrida diária  freqüentar diariamente um curso é quase inviável, portanto os cursos a distância vem se tornando uma alternativa cada vez mais efetiva e prática na realidade cada vez mais escassa de tempo das pessoas.
Segundo publicação da Revista Ensino Superior “O aluno do ensino a distância é majoritariamente feminino para cursos de graduação e pós-graduação, na rede federal. A idade média é maior do que na educação presencial: o número de alunos com mais de 30 anos corresponde a 35,8% das instituições da amostra. Do total, 29% afirmaram que seus alunos têm renda superior a três salários mínimos, contra 21% com renda superior a esse valor.”
Isso não significa que o curso seja vago ou fácil, muito pelo contrário, o aluno que participa desta modalidade tende a ser muito mais comprometido com sua formação, posto que ele que deverá se organizar para pode atender sua meta pessoal. A diferença é que ele não ficará preso somente a visão que o professor tende a defender em sala de aula, ele terá várias fontes de pesquisa ao sentar-se frente ao computador, pois ao mesmo tempo em que ele utiliza as ferramentas pedagógicas específicas ele procura mais, pela facilidade de acesso às informações no mundo “net”.
Assim são  exigências desta modalidade para o aluno como divulgado no blog do educação à distância: “O estudante de EaD tem alguns diferenciais. Ao contrário do curso presencial, é ele quem vai conduzir o próprio estudo, e não o professor. O estudante precisa se organizar e dividir bem o tempo. Dados do censo 2009 da Associação Brasileira de Educação à Distância (ABED) apontam que 53,4% dos alunos de EaD são mulheres e a faixa etária mais presente é a que vai de 30 a 34 anos. “Também é uma modalidade de aprendizagem adequada às pessoas mais experientes e com necessidades de formação para aperfeiçoamento na vida profissional”, ressalta Gaio.”
Como diz o prof. Moran em seu blog, o que o ensino, tanto presencial quanto a distância, precisa é de mais ousadia, pois ainda ficam presos a formas previsíveis e pouco atraentes. As escolas precisam focar não só a vida acadêmica deste aluno, mas as realidades profissionais que este aluno irá enfrentar no seu cotidiano, transformando seu modo de vida, de interpretar o mundo, se tornando pessoas plenas. Isso implica em o aluno não só esperar a aula acontecer, mas sim agregar a esta aula outras informações que possam deixá-la mais rica, pois ele ao estudar já viu em outros meios, principalmente na internet, alguma informação nova.
Durante todo este período de pesquisa sobre a educação a distancia, verifiquei que a modalidade de ensino não é tão antiga assim, contudo como tomou força com o avanço da tecnologia, contudo vem causando estranheza, assim como no período que foram introduzidos os computadores nas empresas e a grande revolta foi que o homem seria substituído por estas máquinas... esta analogia neste momento também é contundente, pois muitos profissionais da área da educação acreditam que serão substituídos pelos computadores.
Ora, quem liga o botão para as máquinas funcionarem nas empresas é uma pessoa, que teve que se readequar as novas demandas, assim é a educação à distancia: o saber vai continuar, contudo só mudará o meio de sua transmissão e é preciso que todos se adéqüem a esta realidade.
É um tema rico, atraente e bastante controverso ainda, isso até que essa realidade tenha tomado nossas vidas cotidianas, visto que a tendência do mundo moderno é aprender com os outros, porém estreitando fronteiras, o que permite a educação à distância, que liga extremos dos países e do mundo através da formação intelectual e pessoal na velocidade das redes na internet. Neste sentido, o Ensino a Distância não forma só para o mercado de trabalho, mas também forma para as diferentes situações da vida.

Fontes:
Barros, Jussara, Educação a Distância http://www.brasilescola.com/educacao/educacao-distancia.htm, acesso em 15/08/2011
Estudo revela novo perfil dos alunos de EAD, Revista do Ensino Superior in http://www.abraead.com.br/clipping2009/5.html, acesso em 01/09/2011
Professor ainda vê o computador como intruso na sala de aula, em http://www.educacaoadistancia.blog.br/professor-ainda-ve-o-computador-como-intruso-na-sala-de-aula/ acesso em 27/07/2011

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Justiça Federal proíbe campanha contra EAD

O Diário Eletrônico da Justiça Federal da 3ª Região publicou em sua edição de 1º de agosto uma decisão do juiz federal Haroldo Nader, da 8ª Vara da Subseção Judiciária em Campinas, em que ele concede liminar contra a campanha "Educação não é fast-food", movida pelo Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) contra cursos de graduação a distância. A liminar foi pedida pela Associação Nacional de Tutores de Ensino a Distância (Anated).
     Na campanha, divulgada nos endereços do Conselho na internet e formatada de modo a ser divulgada pelos associados nas redes sociais, um balconista de lanchonete fast-food vende produtos como "tutor não assistente social", "prova virtual" e "estágio sem supervisão" que aparecem, respectivamente, em embalagens de batatas fritas, sanduíche e refrigerante. O objetivo é criticar a qualidade de cursos de graduação em serviço social, ministrados por pelo menos treze universidades, com o devido credenciamento fornecido pelo Ministério da Educação, que educam mais de 60 mil alunos no país. A campanha é composta de um vídeo interativo e um game no qual é possível montar um curso com aqueles ingredientes. No vídeo, o vendedor afirma ao comprador que é possível realizar provas "de casa, consultando a internet", e que algumas exigências formais podem ser burladas, em frases como "a gente vai dar um jeito de ter supervisor acadêmico pra todo mundo", ou "fazer um bom estágio significa ser bem orientado, ter um bom supervisor acadêmico, coisa e tal, mas se ele não tiver disponibilidade pra te acompanhar no dia a dia, afinal são muitos alunos matriculados, não se preocupe, mesmo de longe o curso vai dar um jeitinho". O vídeo não informa qual instituição de ensino venderia esses produtos e coloca um diploma na bandeja, junto com a comida.

O que é Educação a Distância?

Acredito ser importante primeiramente esclarecer o que significa EaD, Educação a Distância, através das palavras do Prof. Moran, que é especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância. Este texto "O que é Educação a Distância" você poderá ver na íntegra acessando: http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm. Aqui aresentarei somente alguns tópicos retirados deste trabalho que acredito ser importante para iniciar uma discussão sobre o tema.
Segundo Moran:
"Educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.

É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.   


Na expressão "ensino a distância" a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que ensina a distância). Preferimos a palavra "educação" que é mais abrangente, embora nenhuma das expressões seja perfeitamente adequada.
Hoje temos a educação presencial, semi-presencial (parte presencial/parte virtual ou a distância) e educação a distância (ou virtual). A presencial é a dos cursos regulares, em qualquer nível, onde professores e alunos se encontram sempre num local físico, chamado sala de aula. É o ensino convencional. A semi-presencial acontece em parte na sala de aula e outra parte a distância, através de tecnologias. A educação a distância pode ter ou não momentos presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço e ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação. (...)

Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual (que conectam pessoas que estão distantes fisicamente como a Internet, telecomunicações, videoconferência, redes de alta velocidade) o conceito de presencialidade também se altera. Poderemos ter professores externos compartilhando determinadas aulas, um professor de fora "entrando" com sua imagem e voz, na aula de outro professor... Haverá, assim, um intercâmbio maior de saberes, possibilitando que cada professor colabore, com seus conhecimentos específicos, no processo de construção do conhecimento, muitas vezes a distância.

O conceito de curso, de aula também muda. Hoje, ainda entendemos por aula um espaço e um tempo determinados. Mas, esse tempo e esse espaço, cada vez mais, serão flexíveis. O professor continuará "dando aula", e enriquecerá esse processo com as possibilidades que as tecnologias interativas proporcionam: para receber e responder mensagens dos alunos, criar listas de discussão e alimentar continuamente os debates e pesquisas com textos, páginas da Internet, até mesmo fora do horário específico da aula. Há uma possibilidade cada vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos tempos e espaços diferentes. Assim, tanto professores quanto alunos estarão motivados, entendendo "aula" como pesquisa e intercâmbio. Nesse processo, o papel do professor vem sendo redimensionado e cada vez mais ele se torna um supervisor, um animador, um incentivador dos alunos na instigante aventura do conhecimento.(...)

Educação a distância não é um "fast-food" em que o aluno se serve de algo pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo - de forma presencial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer dúvidas e inferir resultados. De agora em diante, as práticas educativas, cada vez mais, vão combinar cursos presenciais com virtuais, uma parte dos cursos presenciais será feita virtualmente, uma parte dos cursos a distância será feita de forma presencial ou virtual-presencial, ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos, intercalando períodos de pesquisa individual com outros de pesquisa e comunicação conjunta. Alguns cursos poderemos fazê-los sozinhos, com a orientação virtual de um tutor, e em outros será importante compartilhar vivências, experiências, idéias.(...)

O processo de mudança na educação a distância não é uniforme nem fácil. Iremos mudando aos poucos, em todos os níveis e modalidades educacionais. Há uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão preparados para a mudança, outros muitos não. É difícil mudar padrões adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizações, governos, dos profissionais e da sociedade. E a maioria não tem acesso a esses recursos tecnológicos, que podem democratizar o acesso à informação. Por isso, é da maior relevância possibilitar a todos o acesso às tecnologias, à informação significativa e à mediação de professores efetivamente preparados para a sua utilização inovadora."

Fonte: http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm;

Página do Prof. Moran: http://www.eca.usp.br/prof/moran/textosead.htm